Figura

Os Quinta do Bill “nasceram” em Setembro de 1987, na sequência de uma ideia de um grupo de amigos de Tomar, tendo como ponto de encontro e, ao mesmo tempo, “sala de ensaios”, a Quinta do Sr. Guilherme (Bill).

A formação inicial era composta por Carlos Moisés (voz, guitarra, flauta e composição), Rui Dias (guitarra) e Paulo Bizarro (baixo), a que se juntaram, de seguida, João Coelho (bateria), Pedro Ferreira (teclas) e Fernando Paulo (guitarra) – que viria a abandonar o grupo poucos meses depois.

Em 1989, João Portela passa a assinar as letras do grupo, começando a afirmar-se a identidade musical da banda, na tradição folk-rock. Em 1990, Pedro Ferreira é substituído nas teclas por Alfredo Fonseca.

Depois de terem atingido as “meias-finais” do 5º Concurso do “Rock Rendez Vous” (e tendo atingido igual fase no concurso Rock Pepsi-RFM), venceriam o concurso Aqui D’el Rock, promovido pela RTP, que lhes “abriria as portas” à gravação do primeiro disco: “Sem Rumo”, editado em 1992.

Rui Dias abandonaria o grupo, sendo substituído por Paulo Jorge que, para além de tocar guitarra, também tocava banjo, instrumento que viria a tornar-se fulcral na sonoridade folk da banda. Nuno Flores (violino e viola d’arco) e Pedro Pimentel (teclas e acordeão) entrariam para o grupo em 1993.

Em 1994, é editado o álbum “Os Filhos de Nação” – que viria a ser disco de ouro – incluindo temas como “Os Filhos da Nação” (agora adaptado pelo FC Porto nos jogos no seu Estádio, como “Os Filhos do Dragão”!…), “Menino” e “Senhora Maria do Olival”, com o qual atingem a consagração nacional, realizando concertos por todo o país, incluindo a primeira parte do concerto de Bryan Adams no Estádio de Alvalade.

Em 1995, Carlos Calado (ex-Mártir) entrava, para o lugar de Paulo Jorge (na guitarra e banjo).

Em 1996, era editado o álbum “No Trilho do Sol”, com os grandes sucessos “No Trilho do Sol” e “Se Te Amo”. Actuam na “Festa do Avante”, como cabeça de cartaz, para cerca de 40 000 pessoas.

Em 1997, Pedro Pimentel foi substituído por Miguel Urbano, nas teclas e acordeão, reforçando as sonoridades “pop” da banda.

No ano de 1998, foi editado o álbum “Dias de Cumplicidade”, com destaque para o primeiro “single”, “Voa”.

Em 1999, os Quinta do Bill participam na compilação de homenagem aos Xutos & Pontapés com uma versão do tema “Homem do Leme”.

Em 2000, seria editada a compilação “Best of”, a qual, para além dos maiores êxitos da banda, incluía os inéditos “Ao Pé de Mim (Vem Repousar)” e “Fim do Mundo”.

De seguida, entrou para a banda o baterista Jorge Costa.

Em Outubro de 2001, foi editado “Nómadas”, disco que reflecte novas sonoridades, do Norte de África, música étnica de inspiração indo-muçulmana, com a colaboração, nos temas “Diz-me Lá” e “Poeta sem Paz”, da cantora marroquina Amina Alaoui, para além de Bijan Chemirani.


Criado em Tomar em 1979, o “Fatias de Cá” inspira o seu nome no doce conventual local “Fatias de Tomar”.

Actualmente composto por cerca de 115 membros (profissionais e amadores),  tendo Carlos Carvalheiro como Director Artístico, e usando como lema “Não resistimos nem a uma ideia nova nem a um vinho velho“, tem-se expandido numa perspectiva regional, tendo criado núcleos na Chamusca, V. N. Barquinha, Constância e Lisboa.

Nesta companhia, de grande “humildade teatral”, segundo Carlos Carvalheiro, “todos fazem tudo”. Nem todos os elementos são profissionais, sendo aceites inscrições para colaboração com o grupo (no final de cada peça, é distribuída um inquérito / ficha de inscrição).

Nos 25 anos de vida, utilizando de uma forma interactiva o património construído e paisagístico (nomeadamente o Convento de Cristo e a Mata dos Sete Montes, por exemplo), o “Fatias de Cá” estreou mais de 30 espectáculos, desde Karl Valentim a Choderlos de Laclos, passando por Dario Fo, Frati, Gil Vicente, Yourcenar, Shakespeare, Lorca, Mozart, Plauto e Ackbourn e participou em Festivais de Teatro por todo o mundo, contribuíndo para tornar Tomar numa cidade de referência a nível cultural.

Em particular, refira-se a estreia, em Agosto de 2000, na Mata dos Sete Montes, em Tomar, do espectáculo “Sonho de Uma Noite de Verão”, de William Shakespeare, e “T de Lempicka”, estreado em 1998, reposto em 2000 e, novamente, em 2003 – peça que o Director Artístico considerou como “a maior experiência teatral da sua vida” (implicando nomeadamente um rigoroso planeamento das várias cenas que decorriam em simultâneo, em diversas salas do Convento de Cristo).


Fernando Lopes-Graça nasceu em Tomar a 17 de Dezembro de 1906, cidade sobre a qual escreveria que é onde «o monumento completa a paisagem; a paisagem é o quadro digno do monumento; e a luz é o elemento transfigurador e glorificador da união quase consubstancial da Natureza com a Arte.»

Apenas com 14 anos, começou a trabalhar como pianista no Cine-Teatro de Tomar, procedendo ele próprio aos “arranjos” dos trechos que interpretava, tocando peças de Debussy e de compositores russos contemporâneos. Na época, competiam em Tomar as duas bandas rivais: Gualdim Pais e a Nabantina.

Em 1923, frequenta o Curso Superior do Conservatório de Lisboa, tendo como professores: Adriano Meira (Curso Superior de Piano), Tomás Borba (Composição) e Luís de Freitas Branco (Ciências Musicais); em 1927, frequenta a Classe de Virtuosidade, onde tem como professor o maior pianista português de todos os tempos: Mestre Viana da Motta (antigo aluno de Liszt).

Em 1928, frequentaria também o curso de Ciências Históricas e Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa, que viria a abandonar em 1931, em protesto contra a repressão a uma greve académica.

Entretanto, funda em Tomar o semanário republicano “A Acção”.

Em 1931, conclui o Curso Superior de Composição com a mais alta classificação, concorrendo de seguida a professor do Conservatório, em piano e solfejo, o que lhe viria a ser vedado devido à sua oposição ao regime político, sendo inclusivamente preso e desterrado para Alpiarça.

Leccionaria na Academia de Música de Coimbra, vindo a colaborar na Revista “Presença”, um dos esteios da poesia em Portugal.

Em 1937 ganha uma bolsa de estudo para Paris, a qual contudo lhe seria igualmente recusada por motivos políticos. Não obstante, decide partir para França por conta própria, aproveitando para ampliar os seus conhecimentos musicais, estudando Composição e Orquestração com Koechlin.

Em 1938, a Maison de la Culture de Paris encomenda-lhe uma obra: «La fiévre du temps» (ballet-revue). Em 1939, com a II Guerra Mundial, alista-se no corpo de voluntários dos Amis de la République Française, colaborando também com exilados da Guerra Civil espanhola.

Após 3 anos em Paris, regressará a Portugal, desenvolvendo a sua actividade como compositor.

Em 1940, ganha o prémio de Composição do Círculo de Cultura Musical com o 1º Concerto para Piano e Orquestra, iniciando, em 1941, a sua acção na Academia de Amadores de Música, a convite de Tomás Borba.

Em 1942, obtém o prémio do Círculo de Cultura Musical com a «História Trágico-Marítima» (poema de Miguel Torga).

No ano de 1944, venceria novamente o Prémio de Composição do CCM com a «Sinfonia». Em 1945, seria dirigente do MUD.

Havia criado também o coro denominado “Coro da Academia de Amadores de Música”, interpretando um vasto reportório de canções tradicionais portuguesas.

Entretanto colabora também, de 1946 a 1949, na Revista “Seara Nova”. Também em 1949, integra o júri do Concurso Internacional Béla Bartók em Budapeste, sendo contudo impedido de sair do país.

Em 1951, inicia-se a publicação mensal da “Gazeta Musical”. Em 1952, ganha novo prémio de composição do Círculo de Cultura Musical com a 3ª Sonata para Piano.

Defensor da música tradicional portuguesa, realizou intenso trabalho na sua recolha e divulgação; dedicar-se-ia a pesquisas folclóricas, começando a trabalhar estreitamente com o etnólogo francês Michel Giacometti, percorrendo o país de lés a lés, recolhendo canções cantadas pelos camponeses, transmitidas oralmente de pais para filhos.

A partir de 1960, passa a viver na Parede (onde a Escola Secundária viria a receber o seu nome). Em 1961, edita com Michel Giacometti o 1º volume da Antologia de Música Regional Portuguesa; viriam mais tarde a editar o Cancioneiro Popular Português. Inicia de seguida o In Memoriam Béla Bartók (8 suites progressivas para piano) que viria a completar em 1975.

A par da sua vastíssima e extremamente diversificada produção vocal, escreveu música para piano e outros instrumentos, tais como guitarra e violino, música de câmara e música sinfónica.

Entre as mais valiosas, destacam-se: 11 Glosas; Para uma Criança que Vai Nascer; Bosquejos (para orquestra de arcos); o ciclo de canções As mãos e os Frutos; Canto de Amor e de Morte (para conjunto instrumental); Cantata Melodrama D. Duardos e Flérida; Concerto de Violoncelo, escrito a pedido do célebre violoncelista soviético Rostropovitch (por este interpretado em 1969); o Quarteto de Cordas, com o qual ganharia o Prémio Rainier III de Mónaco.

Em 1973, inicia a publicação das «Obras Literárias» (Editora Cosmos) em 18 volumes.

Em 1974, assumiria a presidência da Comissão para a Reforma do Ensino Musical criada pelo Governo Provisório da Revolução de Abril.

Em 1980, recebe do Presidente da República Mário Soares o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada.

Em 1981, é convidado pelo governo húngaro para as Comemorações do Centenário do nascimento de Béla Bartók.

Ao longo da sua carreira, dedicaria também muitas páginas às crianças, por exemplo: Álbum do Jovem Pianista; Presente de Natal para as Crianças, sob textos tradicionais; Canções e Rondas Infantis; As Cançõezinhas da Tila, com texto de Matilde Rosa Araújo; A Menina do Mar, texto de Sophia de Mello Breyner e, ainda, belas canções de embalar.

Em 1993, na homenagem ao seu 87º aniversário, decorreria a audição integral das sonatas e sonatinas para piano (Matosinhos).

Viria a falecer a 27 de Novembro de 1994, na sua casa na Parede. Em 1995, seria editado pela Câmara de Cascais / Museu da Música Portuguesa o Catálogo do Espólio Musical de Lopes Graça, um dos mais importantes compositores da história da Música Portuguesa. Nas palavras de José Jorge Letria «A Obra de Fernando Lopes-Graça ascendeu ao patamar da eternidade, onde permanecem as grandes obras do espírito e as realizações de trabalho criador».


Gualdim Pais foi o quarto Mestre dos Templários em Portugal. Nasceu provavelmente em Amares, nos arredores de Braga, em 1118, filho de Paio Ramires, um cavaleiro nobre do Condado Portucalense, que apoiaria D. Afonso Henriques na rebelião contra a sua mãe, D. Teresa, em 1128.

Cresceu na companhia de D. Afonso Henriques, que o ordenou cavaleiro na Batalha de Ourique em 1139.

Seguiu depois em cruzada à Palestina, onde permaneceu 5 anos, distinguindo-se no cerco a Gaza.

Após o regresso, aparentemente já como Templário, combateu nas lutas pela reconquista do território entre Coimbra e Leiria, então a fronteira com as terras sob domínio Mouro.

Por volta de 1152, D. Afonso Henriques nomeou-o Comandante ou Mestre da casa da Ordem em Braga (primeiro quartel-general dos Templários).

Assumiria, quatro anos depois, em 1156, o cargo de Grande Mestre da Ordem do Templo, com a missão de defender a região entre Soure e a fronteira do Rio Tejo.

Como recompensa pelo apoio dos Templários na conquista de Santarém (em 1147), D. Afonso Henriques doaria ao seu Mestre, Gualdim Pais, no ano de 1959, o Castelo de Cera (actual Ceras).

Dado o seu mau estado de conservação, Gualdim Pais decidiu-se pela construção de um novo Castelo, iniciando-se, em 1160, a construção do Castelo de Tomar, onde seria estabelecida, dois anos depois, a sede da Ordem dos Templários.

Viria a fundar também os Castelos de Pombal (1161), Almourol, Idanha e Monsanto.

Entre 1169 e 1184, manteve-se ao serviço de D. Afonso Henriques, comandando diversos ataques aos Mouros, conquistando novas terras.

Em 1190, um rei Mouro atravessou o Tejo e tomou Torres Novas, cercando Tomar. Apesar de já com mais de 70 anos, Gualdim Pais teria ainda um papel predominante na defesa do Castelo e no rechaçar do adversário, que conseguira entretanto chegar até Pombal.

Desde Outubro de 1195, repousa na Igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar.

Adaptado de: “Os 800 anos da Morte de Gualdim Pais”, de Albertino Ferreira, in “Correio de Pombal”



Jácome Ratton nasceu a 7 de Julho de 1736 em França, na cidade de Monestier de Briançon, vindo ainda jovem para Portugal, acompanhando os pais, Jacques Jácome Ratton e Françoise Bellon.

Os progenitores estabelecer-se-iam como comerciantes (importadores – exportadores), inicialmente no Porto (em sociedade com Jácome Bellon, tio de Jácome Ratton, o qual havia já estabelecido uma casa de comércio no Porto).

Pouco depois, viriam a alargar a sua actividade a Lisboa, onde se fixaram em 1747 (operando como agentes marítimos de grande número de casas francesas, inglesas e holandesas), altura em que o filho chegou a Portugal, aqui completando a sua educação, orientada no sentido do comércio.

Casou em 1758 com Ana Isabel Clamouse, filha do cônsul francês no Porto, Bernardo Clamouse.

Optaria pela nacionalidade portuguesa na sequência da participação portuguesa na Guerra dos Sete Anos (1762).

Em 1764, começou por projectar uma fábrica de chitas, logo seguida de uma fábrica de papel e de fábricas de chapéus finos (em Elvas e em Lisboa), diversificando as suas actividades, inclusivamente com a exploração de marinhas de sal na Barroca de Alva (Alcochete) e plantação de árvores exóticas (introduzindo em Portugal o eucalipto), associando-se ao período de fomento industrial pombalino.

Torna-se entretanto, em 1788, deputado do Tribunal Supremo da Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação, cargo que lhe permite incentivar as manufacturas, subsidiadas pela referida Real Junta de Comércio.

Duas fábricas dirigidas por estrangeiros haviam-se estabelecido em Tomar em 1771 (uma de caixas de papelão, outra de meias de estambre); ameaçando falência a fábrica de meias, Jácome Ratton procurou recuperá-la.

Em 1789, associando-se ao francês Timotheo Lecussan Verdier, funda a Fábrica de fiação de algodões de Tomar – a primeira em Portugal a utilizar a “moderna” tecnologia da Revolução Industrial (Ratton foi o primeiro defensor da utilização da máquina a vapor) –, beneficiando das potencialidades da região do Nabão no que respeita a recursos hídricos e proximidade da capital.

“O desenvolvimento da riqueza colonial mais recente – o algodão, provocou, por parte do Estado, um interesse pela indústria que o consumia – a têxtil. A montagem de oficinas e manufacturas de algodão era feita, em cidades ou povoações para onde era fácil transportar a mercadoria importada do Brasil, assim como porque dispunham da fonte de energia principal usada na Indústria: a água. De entre essas povoações, citam-se as principais onde foram instaladas manufacturas e oficinas de fiação e tecelagem de algodão: Lisboa, Oeiras, Sacavém, Tomar…” – in “A situação Económica no tempo de Pombal” de J. Borges de Macedo

A Fábrica de Fiação de Tomar seria, ao longo de cerca de 2 séculos, uma das principais âncoras da cidade, dando emprego a famílias inteiras, assumindo um papel decisivo na economia local.

Após longo período de “agonia”, de mais de duas décadas, a Fábrica entraria em processo de falência.

Em 1802, devido ao valioso contributo prestado à Indústria Nacional, Jácome Ratton recebe o foro de Fidalgo da Casa Real, após ter sido já distinguido com a designação de Cavaleiro da Ordem de Cristo.

Porém, na sequência da invasão francesa de 1807, por Junot, o facto de ser de origem francesa e as suas ideias progressistas levaram a que fosse indiciado de tendências jacobinas, sendo acusado de colaboracionista, vindo a ser uma das vítimas da “Setembrizada”; em 1810, já entretanto demitido do cargo de deputado da Junta do Comércio, seria, na noite de 10 para 11 de Setembro, preso na Torre de S. Julião, e transportado para a ilha Terceira, vindo a conseguir exilar-se voluntariamente em Inglaterra, de onde regressaria apenas em 1816.

Escreveria no exílio (em 1813) o que se tornaria uma das principais fontes documentais sobre a história económico-social de Portugal na Segunda metade do séc. XVIII: “Recordacoens de Jacome Ratton, fidalgo cavalleiro da Caza Real, cavalleiro da ordem de Christo, ex-negociante da praça de Lisboa, e deputado do tribunal supremo da Real Junta do Commercio, Agricultura, Fabricas e Navegação. Sobre occurrencias do seu tempo, em Portugal, durante o lapso de sessenta e tres annos e meio, aliás de maio de 1747 a setembro de 1810, que rezidio em Lisboa: acompanhadas de algumas subsequentes reflexoens suas, para informaçoens de seus proprios filhos. Com documentos no fim. Londres. Impresso por H. Bryer, Bridge Street, Blackfriars, 1813”.

Ainda em 1816, publicaria no “Investigador portuguez” um artigo “Pensamentos patrioticos. Imperio luso”.

Industrial e negociante da praça de Lisboa; deputado do tribunal supremo da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação; fidalgo cavaleiro da Casa Real e cavaleiro da ordem de Cristo, Jácome Ratton terminaria a vida em Lisboa cerca de 1821 ou 1822.

Em 1884, seria fundada em Tomar a Escola Jácome Ratton, a qual passaria a designar-se, em 1925, “Escola Industrial e Comercial de Jácome Ratton” (funcionando na Av. Cândido Madureira, actuais instalações do Instituto Politécnico de Tomar); em 1958, passaria para as actuais instalações na Av. Maria II.

Em 1979, adoptaria a actual denominação de “Escola Secundária Jácome Ratton”, tendo comemorado, no passado dia 17 de Maio, 120 anos.

Dispõe actualmente de 850 alunos, com cursos gerais vocacionados para a continuação dos estudos, mas também cursos tecnológicos, orientados para a integração na vida activa.

No parágrafo 45 das suas memórias, Jácome Ratton escreveu sobre a importância do reinado de D. José, e do governo do marquês de Pombal, para o estabelecimento das várias manufacturas existentes na época:

“§ 45. Meios gerais empregados no Governo do Senhor Rei D. José para promover a introdução das Artes fabril em Portugal, e seus bons efeitos.

Os grandes subsídios dados pelo Governo, para a introdução das artes fabris em Portugal, a isenção de direitos sobre as matérias primas vindas de fora, assim como também aqueles de exportação sobre tais Manufacturas, e suas entradas francas nos Domínios do Ultramar, a introdução proibida no Reino de correspondentes manufacturas estrangeiras, e a rigorosa observância das leis repressivas do contrabando têm sido os princípios políticos a que se deveu a diversidade, e multiplicidade de estabelecimentos úteis; por efeito dos quais ficaram no país enormes somas, que antes passavam a nações estrangeiras, com gravíssimo prejuízo de Portugal, de cujas somas se poderá formar juízo comparando a balança do comércio de uns anos com outros, cuja balança se principiou a formar no Reinado da Rainha N. S. Que Deus Guarda à custa do Cofre da Real Junta do Comércio, que seria de muita utilidade publicar-se pela imprensa, para ilustração da parte pensante e instruída da nação principalmente para aqueles que influem no Governo poderem descobrir em um golpe de vista objectos de tanta importância; e até calcular os desastrosos efeitos que poderá produzir o tratado de comércio de Fevereiro de 1810, se se não tomarem em séria consideração, quanto antes, para se lhes obstar por todos os meios possíveis.

O tratado feito por Methuen, e Roque Monteiro Paim, ainda que arruinou muitas artes fabris, que havia no Reino, principalmente aquelas de lanifícios, cujas manufacturas estrangeiras não eram admitidas antes deste tratado, que teve por objecto a admissão dos panos ingleses, em compensação dos vinhos de Portugal pagarem de entrada em Inglaterra uma terça parte menos do que aqueles de França, e isto sem especificar a proporção de direitos de entrada dos ditos lanifícios, nem de outro género algum, tem sido modificado pelo Governo regenerador do Sr. Rei D. José.”


Inês Pedrosa, jornalista e escritora, nascida em Coimbra, mas tomarense (segundo a própria, não nasceu em Tomar apenas porque não existia na cidade, em 1962, uma maternidade… 40 anos depois, a situação mantém-se!…).

Em entrevista ao “Jornal de Letras”, faz uma breve resenha da sua vida.

A partir de 1980, frequentou a licenciatura de Comunicação Social da Universidade Nova de Lisboa.

No início de 1983, seria admitida em “O Jornal”, onde realça o acompanhamento do “mestre” Fernando Dacosta. No ano seguinte, seria convidada por Mega Ferreira para redactora do “Jornal de Letras”, então dirigido por José Carlos de Vasconcelos.

Passaria depois por “O Independente” e pelo “Expresso”, sendo também Directora da revista “Marie Claire” (entre 1993 e 1996), colaborando também na revista “Ler”; teria ainda algumas experiências na Rádio e na Televisão.

Paralelamente, iniciou uma carreira como escritora, tendo publicado os seguintes livros: “Mais Ninguém Tem” (1991), a que se seguiram os primeiros romances: “A Instrução dos Amantes” (1992), em que aborda a fase da adolescência, e “Nas Tuas Mãos” (1997). Publicou ainda “Fotobiografia de José Cardoso Pires”, “20 Mulheres para o Século XX” (2000) e “Poemas de Amor” (antologia de poesia portuguesa – 2001) e, mais recentemente (2002), “Fazes-me Falta”.


José-Augusto França nasceu em Tomar em Novembro de 1922. Fez estudos em Lisboa e em Paris, em cuja universidade se doutorou em História e em Letras e onde foi professor Associado.

É catedrático jubilado (de História da Arte) da Universidade Nova de Lisboa. Foi presidente da Academia Nacional de Belas-Artes e do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa.

Presidente de honra da Association Internacionale des Critiques d’Art, vice-presidente da Académie Européenne, membro honorário do Comité Internacional d’Histoire de l’Art e membro correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.

Dirigiu o Centro Cultural de Paris da Fundação C. Gulbenkian e a revista Colóquio/Artes desta instituição.

Em 1992 recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública e a Medalha de Honra da Cidade de Lisboa.

Desde 1949 publicou numerosas obras em Portugal e em França: Lisboa Pombalina, O Romantismo em Portugal, Os Anos 20 em Portugal, A Arte em Portugal no Século XIX, A Arte em Portugal no Século XX, História da Arte Ocidental, 1780-1980, entre outros.


Maria do Céu Simões, de 66 anos – mais conhecida como Céu Elias – é a cozinheira do famoso restaurante tomarense “Chico Elias”, recentemente distinguida como integrando a relação dos 10 melhores cozinheiros em Portugal, pela revista “24 Horas”.

O júri do concurso, constituído por David Lopes Ramos, Filipa Vacondeus, Francisco José Viegas, Helena Sacadura Cabral, José Nogueira Gil e Manuel Luís Goucha, estabeleceu o seguinte posicionamento:

1º Miguel Castro e Silva (Bull & Bear – Porto)
2º Alice Marto (Tia Alice – Fátima)
3º Vítor Sobral (Terreiro do Paço – Lisboa)
4º Aimé Barroyer (Pestana Palace – Lisboa)
5º Júlia Vinagre (Bolota Castanha – Terrugem)
6º Fausto Airoldi (Bica do Sapato – Lisboa)
7º Augusto Gemelli (A Galeria Gemelli – Lisboa)
8º Francisco Meirelles (Sessenta Setenta – Porto)
9º Maria do Céu Elias (Chico Elias – Tomar)
10º Pedro Nunes (S. Gião – Moreira de Cónegos)


O actor, pedagogo e encenador João Mota – natural de Tomar (22.10.1942), com uma carreira artística de 50 anos! – tendo começado por fazer teatro em programas infantis da Emissora Nacional, iniciou efectivamente a sua carreira de actor em 1957, na peça de teatro “Mar”, de Miguel Torga, na RTP, integrando também o elenco do Teatro Nacional, onde contracenou com Palmira Bastos e Amélia Rey Colaço.

Participou também em alguns filmes nos anos 60 e 70, dedicando-se então ao teatro. Depois de uma estadia em Paris, criou (em 1971) o Teatro Laboratório de Lisboa -“Os Bonecreiros” (juntamente com Glicínia Quartim, Mário Jacques e Fernanda Alves), orientado para espectáculos para a juventude, estreando-se então como encenador; fundando em 1972 a Comuna – Teatro de Pesquisa (com Manuela de Freitas, Carlos Paulo, Melim Teixeira e Francisco Pestana), companhia independente de teatro de que é Director.

Em paralelo, João Mota deu corpo a outro projecto, que mantém, a “Casa da Criança”, visando apoiar crianças de zonas socialmente desfavorecidas.

Em Tomar, a Associação de Cultura Canto Firme distinguiu também João Mota, atribuindo-lhe recentemente o nome de uma sala na sua sede, apropriadamente ocupada pela “oficina de teatro”.


Tamagnini Abreu

1856 – Nasce, a 13 de maio, em Tomar

1915 – É promovido a general 12 dias antes de Norton de Matos assumir o Ministério da Guerra, sendo convidado por este a comandar a futura Divisão de Instrução que se concentrará em Tancos.

1916 – A Alemanha declara guerra em Portugal.

1917 – É nomeado comandante do Corpo Expedicionário Português; partem para França os primeiros expedicionários.

1918 – A 9 de Abril na Batalha de La Lys, morrem mais de 400 portugueses e cerca de 7 000 são feitos prisioneiros, fragilizando de forma irreversível o CEP, de cujo comando é exonerado. A assinatura do armistício, a 11/11, põe fim à guerra.

1923 – Escreve as suas memórias: Os meus três comandos.

1924 – Morre em Lisboa, a 23 de Novembro

«Homem esguio, ligeiramente curvado, apoiado numa bengala, sempre fardado, ar afável: é esta a imagem que hoje nos chega do general Fernando Tamagnini de Abreu e Silva, comandante do Corpo Expedicionário Português durante um dos períodos mais conturbados da nossa História recente. Mas quem foi o general Tamagnini?

Tamagnini de Abreu foi um militar que, a certa altura, se viu envolvido na política, quando essas se tornaram faces da mesma moeda, durante a I Guerra Mundial. Mas até 1915, o seu percurso foi o de um militar que ascendia de forma tranquila na hierarquia, sempre ligado à arma de Cavalaria, por onde se iniciou aos 17 anos.

Frequentou o Real Colégio Militar, onde desempenhou funções de Regente de Estudos, aí desenvolvendo o gosto pela História de Portugal e o Latim, pouco tempo antes de casar com Maria Isabel de Oliveira Pinto da França, em 1887. Passou também, por períodos intermitentes, pela Guarda Municipal, entre 1880 e 1908, até assumir o comando da 5ª Divisão, em Coimbra, em 1915, ano em que ascendeu ao generalato, como refere Isabel Pestana Marques em Memórias do General, 1915-1919. Os Meus Três Comandos’ de Fernando Tamagnini (Fundação Mariana Seixas, 2004).

Por essa altura, já a normalidade dos dias fora abalada pelo eclodir da Grande Guerra. Tamagnini, recém-designado general, a quem eram elogiadas as qualidades de disciplina e comando militar, acabaria por ser convidado pelo general Norton de Matos – também ele recém-chegado a um novo cargo, o de ministro da Guerra – para comandar a futura Divisão de Instrução de Tancos, em agosto de 1915.

Entretanto, as pressões do governo do Partido Democrático de Afonso Costa fariam com que o País fosse envolvido no turbilhão dos acontecimentos. Para os partidários da guerra, a participação de Portugal no conflito era encarada como uma forma de resolver vários problemas. Por um lado, conferiria credibilidade internacional ao jovem regime republicano, ao mesmo tempo que traria à sociedade portuguesa, fortemente dividida, um motivo de união à volta de um objectivo comum.

De Tancos à Flandres

Depois de Portugal atender ao pedido britânico de requisição dos navios alemães surtos em portos nacionais, a Alemanha declarou guerra ao nosso país, a 9 de março de 1916. Nos meses que se seguiram, entre abril e julho, deu-se o «Milagre de Tancos», assim chamado devido ao curto espaço de tempo em que se concentraram e prepararam cerca de 20 mil homens vindos de vários pontos do País. O obreiro principal desse «milagre» foi o ministro da Guerra, Norton de Matos, que contou com a preciosa ajuda do general Tamagnini.

Antes da concentração em Tancos e durante o período que antecedeu o embarque para a Flandres, Tamagnini foi também incumbido por Norton de Matos de acompanhar os preparativos da concentração pelo País, vigiando as tropas e abafando os vários motins contra a mobilização.

Será, pois, de uma forma quase «natural» que surgirá a sua nomeação para comandante do Corpo Expedicionário Português (CEP) em janeiro de 1917. As primeiras tropas embarcaram rumo à Flandres nos finais desse mês e Tamagnini assumirá o comando a 20 de março, tendo pela frente a árdua tarefa de organizar e comandar cerca de 55 mil homens.

O comando do CEP não seria um período fácil para o general Tamagnini. Às condições adversas em que o exerceu-se juntou-se a noção de que seria imprescindível uma reorganização dessa força militar para continuar no terreno de forma digna. Tentará por isso, por duas vezes, convencer o governo a manter o CEP como força autónoma do Exército inglês – em vão.

Entretanto ocorre, a 9 de abril de 1918, a Batalha de La Lys, que atingirá de forma irreversível as tropas portuguesas na Flandres e desencadeará a polémica em torno do Comando do CEP. A imagem do general fragilizou-se de dia para dia, acabando por ser exonerado pelo Presidente da República Sidónio Pais (líder da revolta militar de 5 de dezembro de 1917), sem nunca receber explicações dessa decisão.

Mostrando a sua essência de militar, acabará por aceitar do mesmo homem que o exonerara a nomeação para (voltar a) comandar a 5.ª Divisão e assim ajudar a conter a ordem pública, numa altura em que a unanimidade inicial à volta de Sidónio Pais se desmoronava.

A seguir ao assassinato do «Presidente-Rei», em dezembro de 1918, seguiu-se um período complicado para Tamagnini, que viu o seu nome envolvido nas guerrilhas de disputa pelo poder. Desiludido e decidido a esclarecer os mal-entendidos entretanto surgidos, elabora um relatório sobre o comando do CEP e afasta-se.

Entre 1919 e 1923, Tamagnini foi agraciado com várias condecorações, portuguesas e estrangeiras, e concentra-se nos trabalhos da Comissão incumbida de rever a legislação relativa a mutilados e estropiados de guerra, a que preside, bem como na Comissão dos Padrões da Grande Guerra. Um esforço que refletia a marca inelutável que a Grande Guerra deixara em si.

Morreu em 1924, não chegando assim a assistir à queda da I República perpetrada pelo golpe militar de 1926. Mas os últimos anos de vida permitiram-lhe, por certo, constatar a crescente fragilização de um regime que depois da Guerra nunca mais se recomporá.»

Elsa Santos Alípio, “Visão História – 41 Grandes Figuras da I República”, nº 10, Setembro 2010, pp. 72 e 73


João Queiroz e Melo, médico cardiologista, pioneiro dos transplantes de coração em Portugal, nasceu em Tomar em 1945, tendo ingressado no curso de Medicina da Universidade de Lisboa (1968), optando pela especialidade de Cirurgia Geral nos Hospitais Civis de Lisboa e de Bissau, que concluiu em 1974.

Prosseguindo os estudos, fez a especialidade de Cirurgia Cardiotorácica, no Hospital de Santa Marta (1979), tendo entretanto exercido também em Londres (Reino Unido) e Portland e Boston (EUA). Doutorou-se em 1992, pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, com a tese Aloenxertos Valvulares.

No ano de 1979, ajudou à criação e desenvolvimento do Hospital de Santa Cruz, juntamente com os Professores Machado Macedo e Ricardo Seabra Gomes. Em 1986, neste hospital, realizou o primeiro transplante de coração em Portugal, tendo sido, em 1988, condecorado como Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada.

Do seu currículo consta a operação ao coração do antigo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio.

(ver mais no “Dicionário de Médicos Portugueses” – foto via)

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